quarta-feira, 17 de agosto de 2011

DUAS RELIGIÕES, DOIS DESTINOS

Todos sabemos que o termo “religião” significa religar, numa alusão à necessidade do homem se reconciliar com a divindade, restabelecendo com ela um relacionamento correto, um relacionamento pactual de comunhão. Por causa deste conceito já embutido em nossa mente, muita gente pensa que toda religião agrada a Deus e pode estabelecer com ele uma relação de comunhão. Mas este pensamento, embasado na idéia de que “todo caminho dá na venda”, não se sustenta à luz das Escrituras. Na verdade, se analisarmos com atenção, embora haja muitas religiões no mundo, na essência só há dois modelos de espiritualidade. E ambos os caminhos levam a destinos opostos. Quando olhamos, por exemplo, para dois capítulos da Bíblia, Gênesis 11 e 12, torna-se claro que nem toda religião leva a Deus, e nem toda espiritualidade o agrada. Esses capítulos apresentam-nos dois tipos de religião, dois modelos de espiritualidade, representados por duas cidades: Babilônia (Gn 11) e Jerusalém (Gn 12). O desdobramento desses dois modelos vai descortinando-os à medida que a revelação bíblica avança. Babilônia é uma variação linguística de Babel (11.9). Originalmente, o termo vem do hebraico bab-el, significando “portal de Deus”, sugerindo-nos um empreendimento de natureza político-religiosa, uma tentativa de alcançar os céus com um sistema de culto (Gn 11.5). O termo hebraico, por sua vez, deriva do acadiano bab-ili, cujo plural é bab-ilani, daí o equivalente em português “Babilônia”, que doravante passarei a usar. Jerusalém, a “casa da paz”, está presente em semente na pessoa de Abraão (Gn 12), pai da nação santa, da qual viria o Salvador.
Babilônia é a religião reprovada por Deus e cujo projeto fracassa (Gn 11.8). Jerusalém, a que agrada a Deus e triunfa. Não estou me referindo ao aspecto físico, até por que hoje Babilônia já não existe como cidade e a Jerusalém atual está longe do Senhor que outrora adorava, por ter rejeitado o Messias. Refiro-me ao modelo espiritual que cada uma representa na Bíblia. Quando relacionamos as duas religiões, verificamos o porquê dos dois destinos diferentes. Como veremos, Babilônia representa um modelo de espiritualidade humanista. Jerusalém, por sua vez, aponta-nos o padrão de uma piedade teocêntrica. Vemos o contraste em vários aspectos:
1)      Babilônia nasce da mentalidade e da iniciativa humanas: “E disseram uns aos outros: Vinde, façamos tijolos... Vinde, edifiquemos...” (11.3,4a). Revela-se, portanto, fruto de “particular elucidação”, produto da mente humana corrompida pela queda. Jerusalém, por sua vez, nasce inteiramente da iniciativa e chamado divinos (Disse o Senhor a Abrão: sai da tua terra... apareceu o Senhor a Abrão e lhe disse...” (Gn 12.1,7a). É produto de revelação.

2)      Babilônia é um empreendimento que confia nos recursos humanos: “façamos tijolos e queimemo-los bem queimados” (Gn 11.3a). Não é uma religião que confia em Deus e reconhece sua própria fraqueza. Antes, sua pretensão é de chegar “até aos céus” usando material perecível e tocar o divino com material provisório. Jerusalém, ao contrário, sustenta-se nas promessas de Deus: “... de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra... darei à tua descendência esta terra. Ali edificou Abrão um altar ao Senhor que lhe aparecera... Ele creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça (Gn 12.2-3, 7b; 15.6).

3)      Babilônia é espiritualidade motivada pela busca da glória do homem: “edifiquemos para nós uma cidade e uma torre... e tornemos célebre o nosso nome...” (Gn 11.4b). A imponência de uma cidade portentosa com uma torre elevada celebraria a glória de um império fundado pela bravura e valentia de um homem cujo projeto de poder é manter a raça sob seu domínio. Refiro-me a Ninrode, o fundador de Babel (Gn 10.8-12). A torre de Babel é, portanto, o símbolo de sua glória e força, da qual hoje só temos as ruínas. Jerusalém, em contrapartida, focaliza-se na glória de Deus e em proclamar seu nome entre homens idólatras: “...Ali edificou Abrão um altar ao Senhor que lhe aparecera...ali edificou um altar ao Senhor e invocou o nome do Senhor (Gn 12.7b,8b). No meio dos altares idólatras sob a sombra do carvalho sagrado de Moré, Abraão proclama o nome do Senhor.

4)      Babilônia desenvolve-se segundo as pretensões do homem, em rebeldia à ordem do Senhor. Deus havia abençoado os homens com uma ordem: “crescei, multiplicai-vos, enchei a terra.” (Gn 1.28; 9.1,7). Seu propósito era que os homens povoassem a terra e cumprissem os mandatos do pacto, desenvolvendo a cultura e a civilização por meio de uma sociedade harmoniosa. Mas Babilônia rebela-se contra este propósito divino. Seu objetivo é declarado: “... para que não sejamos espalhados por toda a terra” (Gn 11.4c). O próprio nome pelo qual o fundador de Babilônia é conhecido na Bíblia denuncia esta pretensão. Ninrode significa “vamos nos rebelar”. Em oposição, Jerusalém desenvolve-se segundo a direção de Deus. Peregrina sob sua orientação, ainda que no momento da partida não saiba que percalços estavam por vir na caminhada: Partiu, pois, Abrão, como lho ordenara o Senhor”: Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber aonde ia. Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa; porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador.” (Hb 11.8-10).

5)      Não é de admirar que Babilônia tenha desagradado a Deus e se revele um duplo fracasso: “Destarte, o SENHOR os dispersou dali pela superfície da terra; e cessaram de edificar a cidade”. As ruínas atuais da Babilônia são uma antecipação profética do fracasso final da religião pagã que ela incorporava, fracasso celebrado pelo anjo em Apocalipse: “Então, exclamou com potente voz, dizendo: Caiu! Caiu a grande Babilônia e se tornou morada de demônios, covil de toda espécie de espírito imundo e esconderijo de todo gênero de ave imunda e detestável,  pois todas as nações têm bebido do vinho do furor da sua prostituição... Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos; porque os seus pecados se acumularam até ao céu, e Deus se lembrou dos atos iníquos que ela praticou... porque diz consigo mesma: Estou sentada como rainha. Viúva, não sou. Pranto, nunca hei de ver! Por isso, em um só dia, sobrevirão os seus flagelos: morte, pranto e fome; e será consumida no fogo, porque poderoso é o Senhor Deus, que a julgou... Ai! Ai! Tu, grande cidade, Babilônia, tu, poderosa cidade! Pois, em uma só hora, chegou o teu juízo... Ai! Ai da grande cidade, que estava vestida de linho finíssimo, de púrpura, e de escarlata, adornada de ouro, e de pedras preciosas, e de pérolas, porque, em uma só hora, ficou devastada tamanha riqueza! ... Ai! Ai da grande cidade, na qual se enriqueceram todos os que possuíam navios no mar, à custa da sua opulência, porque, em uma só hora, foi devastada! Exultai sobre ela, ó céus, e vós, santos, apóstolos e profetas, porque Deus contra ela julgou a vossa causa... Assim, com ímpeto, será arrojada Babilônia, a grande cidade, e nunca jamais será achada.” (ver Ap 18).  Mas Jerusalém, redimida pelo sangue do Cordeiro, é por ele desposada, para ser santuário de Deus e seu povo particular, vivendo nos novos céus e a nova terra nos quais habita justiça: “Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo. Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.” (Ap 21.1-4). Qual desses modelos de espiritualidade você segue?




3 comentários:

Nadyel Veloso Leal disse...

MEU PASTOR, MEUS PARABÉNS PELO BLOG! EU E MILENA ESTAMOS FELIZES POR SABER QUE PODEREMOS CONTINUAR TENDO SEUS ENSINAMENTOS EM CASA, PODENDO ACOMPANHAR ASSIM A PALAVRA DE DEUS. O IOMAR MOSTROU SEU BLOG E ESTAMOS ACOMPANHANDO TODOS OS TEMAS. UM GRANDE ABRAÇO E DEUS O ABENÇÔE, TAMBÉM A HÉLIDA E HADASSA.

Marcos Augusto disse...

Nadyel, fico feliz em poder contribuir para a edificação do povo de Deus. É uma alegria saber que vocês em Caracaraí estão ligados. Um grande abraço em você, na Milena e em todos os irmãos.

António Ja Batalha disse...

O alvo de meu blog é divulgar o bom nome de Jesus. E levar cada crente mais perto de seu Senhor, ficarei feliz se quiser fazer parte dele, contudo não deixarei de visitar, e comentar em seu blog. Ficarei á espera da sua amizade virtual. Minhas saudações em Cristo Jesus., e um feliz Natal.