quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

CORRENDO COM PERSEVERANÇA

“Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus...” Hb 12:1-2a

Todos os anos, centenas de pessoas de diversas regiões do Brasil e do mundo se aglomeram para terminar seu ano realizando uma corrida de 15 km, a nossa conhecida “São Silvestre”. Alguns correm só por diversão, outros para superar os próprios limites, ainda que isto signifique ir mais longe do que nas edições anteriores, posto que não chegam ao fim da corrida. Outros, ainda, vivem para este tipo de competição e correm para vencer. Para isto, inspiram-se nos grandes campeões da corrida, passam o ano treinando para eliminar todo peso desnecessário do corpo e, o que quer que aconteça, não tiram os olhos do alvo à sua frente, ainda que só o enxerguem na reta final.
Creio que tais corredores – os do tipo “não tô nem aí” e os “isto-é-tudo-o-que-importa-na-vida – são uma poderosa mensagem para todos nós que recebemos a graça imerecida de iniciar uma nova etapa, um novo ano em nossa vida. Eles nos lembram uma carreira por um prêmio muito superior. A carreira cristã. Aqueles a quem um dia pela graça irresistível Cristo atraiu a si mesmo são assegurados de que lhes aguarda um prêmio, uma coroa incorruptível (1 Co 9.25), o “prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.14b).
A vida cristã não é um passeio por uma estrada pavimentada ou por uma veredas de flores. A Bíblia a descreve como uma corrida com obstáculos e envolvendo lutas e riscos. Nesta corrida, o objetivo não é necessariamente chegar primeiro. Ganha todo aquele que consegue chegar. O alvo é não desistir. Daí a exortação: “corramos com perseverança...” (v.1). Precisamos correr para o “prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo” (Fp 3.14b) de tal maneira que o alcancemos (1 Co 9.24). Correr com perseverança requer pelo menos três atitudes:
Primeiro, precisamos nos inspirar nos exemplos de fé do passado. Esta é a “grande nuvem de testemunhas”, o número total daqueles que viveram antes de nós e “pela fé e pela paciência herdaram as promessas” (Hb 6.12). Sua história está registrada nas Escrituras. Como uma torcida que se ergue em torno dos competidores, essa multidão de testemunhas que um dia estiveram na arena incentivam, pelo seu exemplo de fé, os competidores atuais (ver cap. 11). Lendo as Escrituras e meditando nesses exemplos, teremos inspiração para correr a mesma carreira.
Em segundo lugar, precisamos lançar fora todo empecilho à corrida. Os atletas fazem isto removendo de seu corpo o excesso de peso através de um rigoroso treinamento e usando roupas leves que facilitem os movimentos (os da antiguidade corriam nus). Não há nada que emperre mais nossa carreira cristã do que o pecado que nos rodeia. É preciso mortificar a velha natureza e nos abster das “paixões carnais que fazem guerra contra a alma” (1 Pe 2.11). O pecado suga nossas forças e seca nosso ânimo de prosseguir para o alvo.
Finalmente, precisamos olhar acima de tudo para Jesus Cristo, o “Autor e Consumador da fé”. Como Autor da fé, Jesus é tanto o originador, como o campeão da fé, cujo exemplo ultrapassa os outros alistados no capítulo 11. Como Consumador, ele é o aperfeiçoador, aquele que leva a fé à sua plenitude, perfeição ou maturidade (v.2).  Sendo Deus e “em troca da alegria que lhe estava proposta, ele suportou a cruz, desprezando a vergonha”, isto é, a vergonha a que foi exposto na cruz. Sendo o Santo, ele suportou com paciência (perseverança) grande oposição dos pecadores contra si mesmo. Mesmo tendo poder para fazê-lo, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente, carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados”. (1 Pe 2:23-24). Depois de passar por tudo isso, ele ressuscitou, subiu ao céu e está para sempre assentado à direita do trono de Deus. Devemos olhar para esse Perfeito Salvador com adoração e assombro, considerando atentamente na sua obra redentora. Manter os olhos da fé fixos em Cristo certamente nos dará força para concluir a corrida, evitando que “nos fatiguemos, desmaiando em nossa alma”. Portanto, neste novo ano que se inicia, quero encorajar todos os meus irmãos em Cristo a correrem com perseverança a carreira da fé que nos está proposta nas Escrituras, mirando-se nos exemplos de fé do passado, livrando-se do peso e do pecado que nos rodeia e contemplando em adoração a Jesus, nosso Campeão.