segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

DE GRÃO EM GRÃO

“Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta.  Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.  Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tg 1:13-15).

O texto de Provérbios Pv 7.21-23 nos traz uma descrição precisa do modo como a mulher adúltera seduz o jovem insensato: “Seduziu-o com as suas muitas palavras, com as lisonjas dos seus lábios o arrastou. E ele num instante a segue, como o boi que vai ao matadouro; como o cervo que corre para a rede, até que a flecha lhe atravesse o coração; como a ave que se apressa para o laço, sem saber que isto lhe custará a vida”. Este é comparado aos animais que caminham para a morte sem o saber, atraídos por um bocado de alimento. A ave, por exemplo, “apressa-se para o laço, sem saber que isto lhe custará a vida, porque só vê o alpiste que está imediatamente à sua frente. De grão e grão ela se aproxima cegamente do laço e só percebe que está presa quando já se fechou a porta da arapuca. Esta é igualmente uma descrição da sedução que vem da nossa própria cobiça, feita por Tiago no texto da nossa meditação. Ele diz que, como a prostituta sedutora, nossa cobiça nos atrai e seduz até o pecado: “...cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz”. E isto acontece pouco a pouco.
Nós comumente nos enganamos alimentando a carne aos pouquinhos. Como o glutão inveterado “assalta” a geladeira no meio da noite, beliscando doces e quitutes, pedacinho por pedacinho, até só restarem farelos onde antes era um belo bolo de chocolate, vamos cedendo ao nosso coração pecaminoso, fazendo mimos a nossos apetites carnais. Essa aquiescência sutil é a mais letal arma do pecado contra nós, pois não exige muito, apenas “um pouquinho” de alívio para a carne crucificada, o qual culmina no abrir da jaula, libertando essa fera adormecida à nossa porta (Gn 4.7). Se não pararmos agora, seremos presos e devorados.
Neste processo, procuramos neutralizar a consciência com diminutivos: “Eu só dei uma olhadinha!”; “foi uma mentirinha que eu ‘tive’ que contar”; “fiz, mas foi só uma vezinha”. Deixamos negligentemente de perceber a insuperável influência das coisas pequenas nas grandes reviravoltas da nossa vida. Não é verdade que o que engorda é “beliscar” guloseimas entre as refeições? Quem não sabe que o que derruba o alcoólatra é o primeiro gole?
Da mesma sorte, o pecado engana e destrói pouco a pouco. Sempre no diminutivo, para não percebermos sua malignidade. Nada menos do que a vigilância incansável e o combate sem tréguas, no poder do Espírito poderá nos manter de pé. Por isso a advertência:

Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo; pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado”. Hb 3.12-13

Nenhum comentário: